<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, novembro 09, 2004

perdi-me 



Perdi-me
Dentro de mim
Porque eu era
Labirinto,


E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.


Mário de Sá-Carneiro


sexta-feira, maio 21, 2004

meu amor meu amor 

"meu amor meu amor
em corpo de movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento
meu limão de amargura meu punhal a escrever

nós paramos o tempo e não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer
meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento
este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar"

josé carlos ary dos santos in "as palavras das cantigas"


domingo, julho 27, 2003

XLIX 



Pienso si lo que estoy viviendo no es un sueño.
Pienso si no me despertaré dentro de un instante.
Pienso si no seré arrojada a la vida como antes de quererte.
Pienso si no me obligarás a vagar de nuevo,
de alma en alma, sin encontrarte.


"Alfonsina Storni", in Poemas de Amor

XXXVIII 



Demoro verte. No quiero verte. Porque temo
destruir el recuerdo de la última vez que te vi.


"Alfonsina Storni", in Poemas de Amor

XXXIII 



Te amo porque no te pareces a nadie. Porque eres
orgulloso como yo. Y porque antes de amarme
me ofendiste.


"Alfonsina Storni", in Poemas de Amor

XXV 



Es media noche. Yo estoy separada de ti pola ciudad:
espesas masas negras, ringlas de casas, bosques de
palabras perdidas pero aún vibrando, nubes invisibles
de cuerpos microscópicos. Pero proyecto mi alma fuera
de mí y te alcanzo, te toco. Tú estás despierto y te
estremeces al oírme. Y cuanto está cerca de ti se
estremece contigo.


"Alfonsina Storni", in Poemas de Amor

sábado, julho 26, 2003

XXI 



Cuando miro el rosto de otros hombres sostengo su
mirada porque, al cabo de un momento, sus ojos se
esfuman y en el fondo de aquéllos, muy lentamente,
comienzan a dibujarse y aparecer los tuyos, dulces,
calmos, profundos.


"Alfonsina Storni", in Poemas de Amor


XVII 



¿Oyes tú la vehemencia de mis palabras? Esto es
cuando estoy lejos de él, un poco libertada. Pero
a su lado ni hablo, ni me muevo, ni pienso, ni acaricio.
No hago más que morir.

"Alfonsina Storni", in poemas de amor

XIV 



Estás circulando por mis venas. Yo te siento deslizar
pausadamente. Apoyo los dedos en las arterias
de las sienes, del cuello, de los puños, para palparte.

"Alfonsina Storni", in Poemas de Amor


sexta-feira, julho 25, 2003

estranho habitual 



(...)

Supôs amar o instante e só amou sua carne
solitária, ou amou talvez a carne que o amou.
Por certo tudo fora desejo insatisfeito,
e sua esperança foi apenas nostalgia
do que viria depois; assim foi o futuro
como a lembrança: um fantasma de luz;
e o outro, sombra.

(...)

"Francisco Brines", in ensaio de uma despedida

qué cosa es el amor 



qué cosa es el amor, medio pariente del dolor,
que a ti y a mí­ no nos tocó,
que no ha sabido ni ha querido ni ha podido.
por eso no estás conmigo...

...

este amor que despreciaste
porque nunca me buscaste
donde yo no hubiera estado
ni me hubiera enamorado.

por eso no estás conmigo.
por eso no estoy contigo.

"Liliana Felipe"

o odor da lua 



(...)

Talvez o odor da lua
perturbe o traço que flui
ou, ante-luar,
influa ainda o espaço
insidioso que revela
a flexão dos gestos
como luz e sombra:
para pulsarem estes; outros;
espíritos e espectros.

"Carlos Oliveira", poema inédito in Jornal de Letras

quarta-feira, julho 23, 2003

O teu nome 



O que procuro?
O teu nome.
Mas o teu nome secreto
aquele que não se encontra
nas letras do alfabeto.

"Yvette Centeno", in A Oriente

Caminhos 



sou apenas um sinal
sou apenas um caminho


(quantas vezes percorrido
até chegar ao destino?)


"Yvette Centeno", in A Oriente

Uma estrela no chão 



(...)

vem da terra de todos, onde mora
e onde volta depois de amanhecer
deixem-no pois passar, agora

que vai cheio de noite e de solidão
que vai ser
uma estrela no chão.


"Miguel Torga", in Antologia Poética

terça-feira, julho 22, 2003

Amar 



Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


"Alberto Caeiro"

Silêncio 



E de súbido desaba o Silêncio
é um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem luas.
Só nas minhas mãos
ouço a música das tuas


"Eugénio de Andrade"

pedem tanto a quem ama 



Pedem tanto a quem ama: pedem
o amor. Ainda pedem
a solidão e a loucura.

"Herberto Helder", in Poesia Toda

nocturnamente 



Nocturnamente te construo
para que sejas palavra do meu corpo
Peito que em mim respira
olhar eu que me despojo
na rouquidão da tua carne
me inicio
me anuncio
me denuncio

sabes agora para o que venho
e por isso me desconheces


"Mia Couto", in Raiz de Orvalho e Outros Poemas

Perfume 



Amor é também
a tua essência,
esse perfume
que os nossos corpos une
na tua ausência..."


"Fernando Tavares Rodrigues", in (A)mar

Amar 



Amor não se define.
Acontece.
Quando depois de amar
Ainda aparece...


"Fernando Tavares Rodrigues", in (A)mar


Par 



Hoje, quando nos prendemos,
nos despimos e nos demos
hoje, amor, fizemos par..."


"Fernando Tavares Rodrigues", in (A)mar


Vida Nova 



Gosto da madrugada,
do cheiro a erva molhada,
e gosto do teu cheiro, de manhã
- do teu corpo dado -
quando, em bagos de romã,
te descubro ao lado.


"Fernando Tavares Rodrigues", in (A)mar


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

< DI�RIOS >