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sábado, julho 26, 2003

XXI 



Cuando miro el rosto de otros hombres sostengo su
mirada porque, al cabo de un momento, sus ojos se
esfuman y en el fondo de aquéllos, muy lentamente,
comienzan a dibujarse y aparecer los tuyos, dulces,
calmos, profundos.


"Alfonsina Storni", in Poemas de Amor


XVII 



¿Oyes tú la vehemencia de mis palabras? Esto es
cuando estoy lejos de él, un poco libertada. Pero
a su lado ni hablo, ni me muevo, ni pienso, ni acaricio.
No hago más que morir.

"Alfonsina Storni", in poemas de amor

XIV 



Estás circulando por mis venas. Yo te siento deslizar
pausadamente. Apoyo los dedos en las arterias
de las sienes, del cuello, de los puños, para palparte.

"Alfonsina Storni", in Poemas de Amor


sexta-feira, julho 25, 2003

estranho habitual 



(...)

Supôs amar o instante e só amou sua carne
solitária, ou amou talvez a carne que o amou.
Por certo tudo fora desejo insatisfeito,
e sua esperança foi apenas nostalgia
do que viria depois; assim foi o futuro
como a lembrança: um fantasma de luz;
e o outro, sombra.

(...)

"Francisco Brines", in ensaio de uma despedida

qué cosa es el amor 



qué cosa es el amor, medio pariente del dolor,
que a ti y a mí­ no nos tocó,
que no ha sabido ni ha querido ni ha podido.
por eso no estás conmigo...

...

este amor que despreciaste
porque nunca me buscaste
donde yo no hubiera estado
ni me hubiera enamorado.

por eso no estás conmigo.
por eso no estoy contigo.

"Liliana Felipe"

o odor da lua 



(...)

Talvez o odor da lua
perturbe o traço que flui
ou, ante-luar,
influa ainda o espaço
insidioso que revela
a flexão dos gestos
como luz e sombra:
para pulsarem estes; outros;
espíritos e espectros.

"Carlos Oliveira", poema inédito in Jornal de Letras

quarta-feira, julho 23, 2003

O teu nome 



O que procuro?
O teu nome.
Mas o teu nome secreto
aquele que não se encontra
nas letras do alfabeto.

"Yvette Centeno", in A Oriente

Caminhos 



sou apenas um sinal
sou apenas um caminho


(quantas vezes percorrido
até chegar ao destino?)


"Yvette Centeno", in A Oriente

Uma estrela no chão 



(...)

vem da terra de todos, onde mora
e onde volta depois de amanhecer
deixem-no pois passar, agora

que vai cheio de noite e de solidão
que vai ser
uma estrela no chão.


"Miguel Torga", in Antologia Poética

terça-feira, julho 22, 2003

Amar 



Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


"Alberto Caeiro"

Silêncio 



E de súbido desaba o Silêncio
é um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem luas.
Só nas minhas mãos
ouço a música das tuas


"Eugénio de Andrade"

pedem tanto a quem ama 



Pedem tanto a quem ama: pedem
o amor. Ainda pedem
a solidão e a loucura.

"Herberto Helder", in Poesia Toda

nocturnamente 



Nocturnamente te construo
para que sejas palavra do meu corpo
Peito que em mim respira
olhar eu que me despojo
na rouquidão da tua carne
me inicio
me anuncio
me denuncio

sabes agora para o que venho
e por isso me desconheces


"Mia Couto", in Raiz de Orvalho e Outros Poemas

Perfume 



Amor é também
a tua essência,
esse perfume
que os nossos corpos une
na tua ausência..."


"Fernando Tavares Rodrigues", in (A)mar

Amar 



Amor não se define.
Acontece.
Quando depois de amar
Ainda aparece...


"Fernando Tavares Rodrigues", in (A)mar


Par 



Hoje, quando nos prendemos,
nos despimos e nos demos
hoje, amor, fizemos par..."


"Fernando Tavares Rodrigues", in (A)mar


Vida Nova 



Gosto da madrugada,
do cheiro a erva molhada,
e gosto do teu cheiro, de manhã
- do teu corpo dado -
quando, em bagos de romã,
te descubro ao lado.


"Fernando Tavares Rodrigues", in (A)mar


segunda-feira, julho 21, 2003

Nua  



Porque me despes completamente
sem que eu nem perceba...
E quando nua
por incrível que pareça
sou mais pura...
Porque vou ao teu encontro
despojada de critérios...
liberto os mistérios
sem perder o encanto
do prazer...
Porque
quando nua
sou única
e exclusivamente
tua...


Isabel Machado

Beijo  



sua boca
uva rubra
roça meus lábios
e por segundos
somos murmúrios húmidos
seiva cósmica
de línguas
púrpuras


Virgínia Schall

Poema sobre a recusa  



Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda


Maria Tereza Horta

Desperta-me de noite  




Desperta-me de noite
O teu desejo
Na vaga dos teus dedos
Com que vergas
O sono em que me deito

É rede a tua língua
Em sua teia
É vício as palavras
Com que falas

A trégua
A entrega
O disfarce

E lembras os meus ombros
Docemente
Na dobra do lençol que desfazes

Desperta-me de noite
Com o teu corpo
Tiras-me do sono
Onde resvalo

E eu pouco a pouco
Vou repelindo a noite
E tu dentro de mim
Vais descobrindo vales.



Maria Tereza Horta


mad about you 



feel the vibe, feel the terror, feel the pain
it's driving me insane
I can't fake
for god sakes why am I
driving in the wrong lane
trouble is my middle name
but in the end I'm not too bad
can someone tell me if it's wrong to be so mad bout you
mad about you
mad


are you the fishy wine that will give me
a headache in the morning
or just a dark blue land mine
that'll explode without a decent warning
give me all your true hate
and I'll translate it in our bed
into never seen passion, never seen passion
that it why I am so mad about you
mad about you
mad about you
mad


trouble is your middle name
but in the end you're not too bad
can someone tell me if it's wrong to be
so mad about you
mad about you
mad
give me all your true hate
and I'll translate it in your bed
into never seen passion
that is why I am so mad about you
mad about you


Hooverphonics


Manifesto do Imaginário I 



Há sempre, pelo menos, uma porta
para o imaginário,
onde os sentimentos mais que os sentidos,
têm razão;
onde as formas vencem
os limites do formato;
onde o tédio não se repete
nos sorrisos
sequencialmente desenhados
e onde o grito nasce do sussurro que recria o grito.

O imaginário desmembra o mundo
dos conformistas
e as conveniências dos que só têm dedos
indicadores.
É o puzzle tridimensional
que as crianças deixaram construído
no meio da praça.
Palavras, imagens, sons e corpo.



Há sempre, pelo menos, uma porta
para o imaginário.
Deixem entrar quem não teme o sonho
e o prazer.
Deixem entrar os que têm as mãos cheias
dos gestos que só sabem seus
e das ideias que ninguém mais quer,
para mexer na lama e a transformar em bolos
ou recriar o tempo e fazer dele espaço.


"José Pires"

domingo, julho 20, 2003

Dádiva Matinal 



Um beijo
e estas palavras
ao teu ouvido


na tua boca
possa este peso imposto
ser-te leve


"Bruno Weinhals"

Frágil 



Escrever o teu rosto neste envelope
e acreditar que assim tu voltarias


Vã tentativa
fazer acreditar no magnetismo da linguagem
na força da gravidade das letras


"Bruno Weinhals"

Volúpia 



(...)

Cantas e
escalamos a
íngreme montanha
sem tremer.


Beijamos a
lua
mesmo ali
loucos
obscenos e
divinos.


"Regina Correia", in Noite Andarilha


Que outras mãos 



Que outras mãos poderiam
tanger
delirantes meus
seios
tremendo ao
luar de uma
vida?


"Regina Correia", in Noite Andarilha



Saudade 



Duas saudades.
Uma
de ti. Outra de
nós.


Viscoso despertar das tréguas.


Crucificada noite
vaga e
delirante.


Viagem aturdida
aos desfiladeiros
de então.


Meu amor perfeito.


Onde o longe?


Que luz
ou beco
ou perfume
ou abraço?


Saudade
amor.


De andar por onde?


"Regina Correia", in Noite Andarilha

Miragem 



Vi-te.


E desfiz-me em
silêncio.


Era um corpo
incendiado
trespassando as
águas paradas da
miragem.


"Regina Correia", in Noite Andarilha


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